O telefonema

Autora: Laura Barzotto Klafki
Turma: 9ª série
Unidade: Região Alta
Professora: Letícia Gracioli

 Antônia e Fabiano eram recém-casados e resolveram morar em uma casa antiga, que antes pertencia aos tios da moça. A residência possuía muitos cômodos, alguns ainda continuavam mobiliados pelos moradores anteriores, como uma biblioteca repleta de livros empoeirados.
Antônia era historiadora e amava ler. Ela e seu gato Alfredo (que sempre andava ao seu lado) passavam horas na nova biblioteca, lendo os mais diversos livros e pesquisando sobre os mais diversos assuntos.
Nessa biblioteca, havia um porta-retrato sem foto, apenas com uma folha de papel branca. A moça não deu muita importância a ele, até que o derrubou e quebrou-o, revelando o que estava escrito atrás da folha de papel: “a biblioteca é cercada de rachaduras e ligações interiores”.
A historiadora ficou curiosa e passou a noite pensando, até perceber que a casa realmente escondia algum segredo, e que devia começar a procurá-lo pela biblioteca. Para desvendar o mistério, Antônia pediu ajuda ao seu marido, e os dois foram em busca de algum livro que relatasse a vida dos moradores do local ou de mais alguma pista.
O casal achou uma planta da casa e percebeu que havia um lugar destacado: uma parte do muro que cercava o terreno. Haveria ali alguma coisa escondida?
Fabiano, no dia seguinte, foi para o quintal e ficou algumas horas observando o muro. Era como qualquer outro: pintado, feito de cimento, sem nenhuma perfuração recente visível, intacto, exceto por uma rachadura localizada atrás de uma enorme árvore. Lá, o homem encontrou um objeto sólido e pequeno… Um celular antigo. Mas o que um celular poderia estar fazendo dentro de uma rachadura?
Ele o levou, então, para dentro de casa. Tentou ligá-lo, mas sem sucesso. Tirou sua bateria e, para sua surpresa, colado a ela encontrou um papel amarelado de uma folha de caderno, onde estavam escritos oito números, um ao lado do outro. O que seria? Um código? Mais alguma pista? Um número de telefone?
Fabiano tentou ligar para o número com seu celular. Ele, de fato, existia. Chamou algumas vezes, uma voz rouca atendeu, dizendo: “Não entre no porão ou você irá se arrepender”. E desligou.
O homem, assustado, gritou para sua esposa, suplicando para que saíssem da casa o mais rápido possível, antes que alguma coisa ruim acontecesse.
Antônia não respondia. Não estava em lugar algum da parte interna, muito menos no jardim. Ela não teria saído sem avisar seu marido. Para onde ela teria ido? O único cômodo que Fabiano não procurara era o porão.
Morrendo de medo, porém disposto a dar a sua vida pela sua mulher, ele respirou fundo, acendeu uma vela e desceu as escadas que levavam ao porão.
Estava tudo muito escuro, e o moço não via muito mais de um metro ao seu redor. Chamou várias vezes o nome de sua querida esposa. Teria ela morrido?
Depois de muitas vezes chamando seu nome, Fabiano ouviu um grito chamando seu nome. Era de Antônia, mas era muito distante.
Ele encontrou-a ajoelhada sobre muitos sacos pretos, que pareciam guardar gente morta, porém, na verdade, estavam cheios de cartas endereçadas somente a uma pessoa: Jorge.
A moça resolveu abrir alguns envelopes. Eram poemas, todos escritos à mão. Poemas de amor nunca entregues à pessoa amada por orgulho, falta de coragem ou medo da decepção. Poderiam até ser um auxílio para superar um amor impossível, o motivo de sua escrita não era explícito. Mas o que estava realmente visível: o amor por Jorge era cada vez maior, e a angústia por não poder ver o amado aumentava na mesma proporção.
As cartas afetaram Antônia profundamente. Após terminar de lê-las, levantou-se e abraçou seu esposo, pedindo para que nunca se separassem. Agradeceu a Deus por ter quem amava ao seu lado.

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