Autora: Flávia Penso Bergamaschi
Turma: 9ª série
Unidade: Região Alta
Professora: Letícia Gracioli
Maria procurava, em um álbum antigo, uma foto para o seu novo porta-retrato. Passava vagarosamente as páginas e, a cada imagem, lembrava os momentos captados pela lente de uma câmera e, mais tarde, revelados na sala escura do laboratório fotográfico.
Entre as fotos, uma trouxe-lhe muitos pensamentos, lembrou Carlos, seu primeiro namorado. Voltou no tempo e viu-se garota, pés descalços na enorme biblioteca de sua casa. Sua mãe era professora de Literatura, por isso um grande número de livros, sobre os mais variados temas, sempre estiveram disponíveis a ela e a seus irmãos.
Ela adorava ler. Lia sobre tudo, mas os romances eram sua leitura preferida. Vivia os momentos de fantasias dos personagens, sonhava com os encontros dos namorados, aventurava-se pelas cidades, pelos campos e pelos parques.
Na biblioteca, havia inúmeros livros, cujas páginas Maria já tinha lido diversas vezes, em companhia de seu bichinho de estimação, um gato preto chamado Tom. Seu companheiro parecia desfrutar com ela os momentos de tranquilidade enquanto lia, sentada no chão, em meio a muitos obras literárias que tirava das prateleiras. Boa época aquela. No entanto, com o tempo, surgiram outras preocupações e afazeres, como os compromissos de trabalho, portanto passou a ter menos instantes para dedicar-se às leituras. Seu cotidiano passou a ser destinado a muitas mensagens, a internet tomou conta dos seus momentos de folga.
A garota olhou para seu celular e pensou nas mudanças ocorridas desde seu tempo de criança até a idade adulta. Recordou-se de seus encontros com Carlos, na saída da escola, no cinema, no clube e olhou novamente a foto à sua frente. Ele estava sozinho, pensativo, admirando a paisagem, meio apoiado sobre o muro da casa de um amigo. Observou seu rosto e o quanto era bonito. Onde estaria seu ex-namorado? Ficou curiosa. Assim, abriu a bolsa e pegou seu telefone celular. Acessou a internet, entrou em um site de uma rede social, digitou o nome completo de Carlos e, em segundos, lá estava a imagem de uma pessoa que não via há anos, além de fotos e outras informações.
Lembrou-se da sua velha máquina fotográfica, pouco usada nos últimos anos, já que todas as suas fotos estavam armazenadas no cartão de memória de seu celular. Pensou em quanto tempo não imprimia em papel fotográfico momentos únicos de sua vida. Olhou para seu antigo álbum novamente. A última foto que aparecia já era antiga. Fechou o álbum, sem selecionar nenhuma. Buscou na galeria de fotos do seu celular novas imagens. Iria escolher uma das mais recentes para seu novo porta-retrato. Para obtê-las, o método ainda seria o antigo, teria de dirigir-se a uma loja de fotografias ou laboratório para revelá-las. Baixariam do seu celular para a tela de um computador e depois enviariam para a impressão.
Ali a vida voltou ao passado, tudo igual a anos atrás. Maria saiu da loja com um envelope cheio de fotos. Sua vida, sua história, seus momentos, tudo isso fez com que ela redescobrisse o antigo amor pela leitura. Portanto, dirigiu-se à livraria, onde comprou alguns livros ler.
Ao chegar à sua casa, colocou uma foto no porta-retrato e ficou observando os detalhes. Depois, sentou-se para ler seu novo livro. No intervalo da leitura, sentiu vontade de rever velhos amigos. Quem sabe algum deles teria mais notícias de Carlos. Pegou o seu telefone celular e, rapidamente, marcou com vários deles um encontro no Café. Maria percebeu quantas lembranças teve a partir de uma simples foto do seu álbum.