Carta Aberta ao Ministro da Educação

05.04MartinaAutora: Martina Scheibel Schwertner
Turma: 3ª série A do Ensino Médio
Unidade: Lajeado
Professora: Letícia Gracioli

    Como aluna do terceiro ano do ensino médio e pré-vestibulanda, afirmo, por meio desta, as várias frustrações que habitam as consciências minha e de meus semelhantes em relação ao modo como somos avaliados para o ingresso universitário. Busco, com isso, atentar o ministério à parcela da população estudantil que se encontra insatisfeita com a situação presente.
    Um dos fatores mais evidentemente impostos por provas, como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e similares, é a grande necessidade de padronização do ensino do país. Apesar de essa atitude promover também algumas consequências proveitosas ao aluno, ela inevitavelmente gera a priorização de conhecimentos gerais – e, por conseguinte, superficiais – acima de interesses específicos. Essa situação diminui a relevância relativa de aptidões individuais, bem como de características culturais
    Outro fato indesprezível é que todos os anos utilizados nesse estudo padronizado acabam sendo, geralmente, avaliados através de uma única prova. Com isso, alunos menos preparados, como a maioria daqueles vindo de escolas públicas, acabam dependendo amplamente da sorte para que sejam solicitadas as matérias por eles estudadas. Esse sistema, muitas vezes, também provoca nervosismo e ansiedade nos concorrentes, o que afeta seu desempenho.
    Mas talvez a maior contradição na cultura dos vestibulares conste em seus princípios morais: a teoria desencontrada da prática. Proposta como algo que deveria ser um sistema democrático, acaba por agravar as condições de desigualdade social na maioria dos países onde é aplicada. No Brasil, por exemplo, o exacerbado conteudismo e seletividade dos vestibulares se assimila ao paradigma educacional oferecido pela rede privada (que modela sua estrutura precisamente para favorecer o ingresso de seus alunos em boas universidades nacionais). Essa situação, se ignorada, acabaria por segregar os alunos da rede pública, que, por sua vez, frequentemente encontram-se próximos a outras esferas de desvantagem social, como renda familiar baixa ou grupos de minoria racial por preconceito histórico. Torna-se necessária, portanto, a aplicação da ação afirmativa, uma medida provisória cujo objetivo é controlar as desproporções dentro de meios como o universitário.
    Tendo em vista os impasses aqui citados, solicito que Vossa Excelência repense sobre como o ENEM é aplicado, bem como sobre as repercussões desse método na sociedade. Tomo a liberdade de sugerir a reorganização do processo avaliativo, pois o mesmo tem o poder de afetar positiva ou negativamente toda a educação de nosso país e a formação de nossos profissionais.
    Atenciosamente,
    M.S.S.
    Lajeado, dez de fevereiro de 2016.

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